O que você acha quando alguém defende publicamente ideias falsas (até mesmo injustas ou malignas)?
Uma pessoa assim pode ser moralmente inocente?
Normalmente não.
Você pode objetar: “ Mas eles não sabem que estão cometendo um erro.”
Na maioria das vezes, isso é verdade. Eles não sabem. As pessoas realmente acreditam que suas ideias injustas são justas.
Claro que sim. Mas mesmo que o erro venha da ignorância, isso não significa que não devemos pronunciar julgamento moral.
As pessoas podem ser ignorantes por vários motivos.
O tipo mais comum de ignorância é a autoimposta. Quando, de forma habitual, uma pessoa se afasta de pensar sobre fatos que desafiam suas crenças, isso se chama evasão, e leva a uma série de erros. É verdade que elas realmente acreditam nesses erros. Mas erros que vêm da evasão não são inocentes.
Deveríamos conceder o “benefício da dúvida” aos defensores da injustiça e dos males sociais?
Eu digo que não.
Refiro-me neste sentido: Podemos admitir que esse tipo de pessoa é ignorante. Mas isso não deve absolvê-la da responsabilidade moral por ter se colocado na condição de ignorância. Nem sua ignorância a absolve da responsabilidade pelas consequências caso outros ouçam suas más ideias e as levem a sério.
Eu generalizaria da seguinte forma:
(Normalmente) pessoas que promovem ideias perversas não merecem o “benefício da dúvida”. (Normalmente) elas não são inocentes.
Isso é uma coisa e tanto para afirmar. Então quero elaborar.
O que não quero dizer:
- Não quero dizer que nunca devemos ser amigos dessas pessoas.
- Não quero dizer que nunca devemos trabalhar com (ou ser co-beligerantes com) tais pessoas.
- Não quero dizer que nunca devemos estudar suas ideias para encontrar as partes valiosas.
O que eu quero dizer:
- Ideias falsas têm sim efeitos no mundo real.
- Os que trabalham para promover ideias falsas são moralmente responsáveis pelos efeitos.
- Defender uma mentira é mentir.
- Defender o pecado é pecar.
Existe uma responsabilidade moral em se saber do que se está falando.
Antes que uma pessoa decida defender publicamente uma ideia, é sua responsabilidade moral fazer a devida diligência.
Aqueles que espalham mentiras (especialmente as perigosas) estão agindo de forma imoral quando o fazem.
Dois erros a se evitar
Os que entram no discurso público muitas vezes caem em um dos dois erros:
- Entram em uma discussão acalorada, apenas moralizando e condenando, sem conseguir retratar a oposição de forma justa (e muitas vezes sem oferecer argumentos sólidos para seu próprio lado).
- Evitam pronunciar o nível de julgamento moral adequado aos fatos. Este tipo geralmente se orgulha de debater ideias civilizadamente, sem oferecer quase nenhum julgamento moral. Ele quase não traça linhas sobre que tipo de noções ele entreterá ou discutirá.
Mas e se alguém for simplesmente ignorante? Você realmente os julga por isso?
Sim, pelo menos no seguinte sentido:
Se uma pessoa ignorante brande uma arma e acidentalmente atira em alguém, ela ainda é culpada. Ela deveria ter se tornado sábia o suficiente para ter juízo. Seu erro foi não ter se tornado sábia o suficiente para a situação perigosa em que se colocou.
O mesmo se aplica aos que defendem males sociais.
Quando se trata de questões de moralidade ou justiça, até mesmo aceitar silenciosamente uma mentira como “verdadeira” é cometer algum tipo de erro moral. Mas quão pior é propagar uma mentira? É assumir uma posição de liderança para a qual não se é adequado. Outros sofrerão com essa negligência.
Vamos esclarecer este conceito.
Líderes da igreja que deturpam a Bíblia?
Isso é um erro moral, mesmo que acidental.
Filósofos que afirmam que não podemos usar nossas mentes para descobrir a verdade?
Isso é um erro moral, mesmo que tenham sido mal ensinados.
Socialistas que atacam direitos de propriedade individual?
Isso é um erro moral, mesmo que eles pensem que estão tornando o mundo melhor.
Cristãos esquerdistas que interpretam mal as Escrituras e pressionam por políticas e ideias consistentes com o Partido Democrata? [esquerdista]
Isso é um erro moral, mesmo se tenham tentado ler a Bíblia honestamente (o que é um generoso “se”).
Todos têm isto em comum: são como o homem que brande uma arma por diversão.
Para maior clareza em tempos confusos:
Não estou aqui fazendo uma afirmação sobre:
1) A obra de quem pode ser proveitosa para leitura.
2) Com quem alguém pode trabalhar na mesma organização.
3) De quem alguém pode ser amigo.
Em vez disso, estou fazendo uma afirmação sobre a necessidade de julgamento moral, e sobre a necessidade de identificar ações imorais pelo que elas são.
Julgamento moral não significa necessariamente rejeitar a pessoa.
Significa aceitar a verdade sobre a qualidade da ação da pessoa.
Sem dúvida, ame o pecador. Ame-o o suficiente para chamá-lo de pecador e chamá-lo ao arrependimento.
Além disso, por todos os meios, dê o benefício da dúvida àqueles cujas palavras ou ações você ainda não tem informações suficientes para avaliar. Seja objetivo.
Mas não conceda o benefício da dúvida àquele que faz de advogar males sociais um padrão. Essa pessoa já lhe deu informações suficientes para fazer um julgamento moral.
Quando os fatos são aparentes, é imoral dizer: “Quem sou eu para julgar?” ou “Quem é você para julgar?”
Para ser uma pessoa moral e racional, você deve estar pronto para julgar quando necessário. A propósito, você também deve estar pronto para ser julgado pelos outros, como é direito e responsabilidade deles.
shttps://medium.com/christian-intellectual/who-deserves-the-benefit-of-the-doubt-c305bd2b08c0
Podemos admitir que esse tipo de pessoa é ignorante. Mas isso não deve absolvê-la da responsabilidade moral por ter se colocado na condição de ignorância. Nem sua ignorância a absolve da responsabilidade pelas consequências caso outros ouçam suas más ideias e as levem a sério.
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Andrius Ordojan, via Unsplash