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Thomas Sowell fala sobre como é fácil, para políticos eleitos, tapearem os eleitores com promessas

O fato de muitos políticos bem sucedidos serem mentirosos cínicos não é apenas uma reflexão sobre eles, é também uma reflexão sobre nós. Quando as pessoas querem o impossível, somente os mentirosos podem satisfazê-las. E no curto prazo. Os resultados atuais dos tumultos na Europa mostram o que acontece quando a verdade alcança, no longo prazo. tanto os políticos quanto o povo.

Dentre as maiores mentiras dos estados de bem-estar social, em ambos os lados do Atlântico, está a noção de que o governo pode suprir as pessoas com coisas que elas querem mas não têm dinheiro para comprar. Já que o governo tira seus recursos das pessoas, se as pessoas, como um todo, não têm dinheiro para comprar algo, o governo também não pode.

Há, é claro, a falácia perene de que o governo pode, simplesmente, aumentar a taxação sobre “os ricos” e usar a receita adicional para pagar por coisas que a maioria das pessoas não pode comprar. O que é surpreendente é a presunção implícita de que “os ricos” são tão bobos que não farão nada para impedir que o seu dinheiro seja espoliado via taxação. A história prova o contrário.

Depois de a constituição dos Estados Unidos ter sido modificada para permitir uma taxação federal sobre renda, em 1916, o número de pessoas que declararam rendimento tributável de $ 300,000 ou mais por ano, caiu, em toda parte, de mais de mil para menos de trezentos, em torno de 1921.

Todos os ricos estavam empobrecendo? De maneira nenhuma. Eles estavam investindo enormes somas de dinheiro em títulos isentos de taxação. A quantia de dinheiro investida nesses títulos foi maior que o orçamento federal, e quase a metade do débito nacional.

Isto não foi exclusivo dos Estados Unidos ou dessa época. Depois que o governo Britânico elevou o seu imposto de renda sobre os maiores rendimentos, em 2010, descobriram que arrecadaram menos receitas provenientes de impostos que antes. Outros países tiveram experiências similar. Aparentemente, os ricos não são todos bobos, afinal de contas.

Na economia globalizada atual, os ricos podem simplesmente investir seu dinheiro em países onde as alíquotas de impostos são menores.

Então, se você não pode confiar que “os ricos” irão pagar a conta, em que você pode confiar?  Nas mentiras.

Nada é mais fácil para um político do que prometer benefícios governamentais que não poderão ser cumpridos. A Previdência Social é perfeita para essa função. As promessas que são feitas são para o dinheiro ser pago daqui a muitos anos — e, até lá, outra pessoa estará no poder, com a tarefa de descobrir o que dizer e fazer quando o dinheiro acabar e os motins começarem.

Há várias formas de postergar o dia do acerto final. O governo pode se recusar a pagar para que as coisas aconteçam. Cortar o pagamentos dos médicos que atendem pacientes do Medicare* é um exemplo óbvio.

Isso, é claro, leva alguns médicos a se recusarem a aceitar novos pacientes do Medicare. Mas esse processo leva tempo para fazer sentir todo o seu impacto, e as eleições acontecem no curto prazo. Este é outro problema crescente que pode ser deixado para outra pessoa ter que resolver no futuro.

Quantidades cada vez maiores de documentos para médicos que trabalham em  políticas de bem-estar social com assistência médica administrada pelo governo, e pagamentos, a esses médicos, reduzidos a fim de adiar o dia da falência, significa que a profissão médica  provavelmente atrairá cada vez menos os jovens mais brilhantes, que têm outras ocupações disponíveis a eles, inclusive pagando mais e com menos aborrecimentos. Mas este também é um problema a longo prazo, e as eleições ainda ocorrem a curto prazo.

No final, todos esses problemas de longo prazo irão desafiar as belas e sonoras mentiras que são a força vital das políticas de bem-estar social. Mas ainda irão ocorrer muitas eleições entre hoje e o dia do acerto final — e aqueles que são profissionais na arte da mentira ainda irão vencer muitas dessas eleições.

E, enquanto o dia do ajuste de contas não chega, há diversas maneiras de aparentemente superar essa crise.  Se o governo  estiver ficando sem arrecadação, ele pode imprimir mais dinheiro.  Isso não torna o país mais rico, mas insidiosamente transfere parte do poder de compra da população — bem como a poupança e a renda das pessoas — para o governo, cujo dinheiro recém impresso vale tanto quanto o dinheiro pelo qual as pessoas trabalharam e economizaram.

Imprimir mais dinheiro significa inflação — e a inflação é uma mentira discreta, por meio da qual o governo pode manter suas promessas no papel, mas com um dinheiro cujo poder de compra é muito menor do que aquele que vigorava quando as promessas foram feitas.

Será que é realmente tão surpreendente que eleitores com expectativas irrealistas elejam políticos que mentem descaradamente sobre serem capazes de cumprir essas expectativas?

 

* Medicare _programa de responsabilidade da Previdência Social norte-americana que reembolsa hospitais e médicos por tratamentos fornecidos a indivíduos acima de 65 anos de idade).

 

Thomas Sowell

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Editorial

Colunista do Conselho Internacional de Psicanálise.

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